Cultura

No início do ano, Júnior Almeida revelou ao público o que andou fazendo nos últimos meses. O resultado foi o show “Mar do Mundo”. Em duas noites no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, o cantor e compositor reafirmou o talento poético e o zelo com as canções, arranjos e escolha musicais.

As apresentações serviram para amadurecer o repertório do álbum “Memória da Flor”, que está em fase de gravação e deve ficar pronto até dezembro. A música que dá nome ao disco independente nasceu da parceria com Zé Paulo e, mais uma vez, chamou a atenção de Ney Matogrosso. O intérprete fez questão de dividir o microfone com Júnior Almeida na gravação realizada no estúdio Vison, no Rio de Janeiro.

A dobradinha se repetiu. Ano passado Ney gravou a canção “A Cor do Desejo” (Júnior Almeida e Ricardo Guima) no trabalho “Beijo Bandido”. Entre as idas e vindas a São Paulo - onde “Memória da Flor” está sendo finalizado -, o artista alagoano conversou com o Tudo na Hora. Leia os principais trechos da entrevista.

Como surgiu a concepção do novo trabalho?

Entre outubro e dezembro do ano passado. Na verdade comecei na época a montar um show novo em cima de um conceito que já vinha sendo desenhado pelos textos das novas composições. Depois do show pronto foi inevitável pensar na gravação de um disco.

O que iremos ouvir em “Memória da Flor”?

São 12 faixas. Dez inéditas. Duas regravações: “Ser-te-ei Teu” (minha e do Ricardo Cabús gravada no CD “A Lua Não Pertence a Ninguém”) e “A Toa” (minha e da Vera Rocha gravada pela Wilma Araújo). Como parceiros: Zé Paulo (“Memória da Flor” e “Nenhuma Pétala”), Fernando Fiúza (“Catarina” e “Pequenas Misérias”), Arriete Vilela (“Inomináveis e Poema nº8”), Dani Nascimento (“A Poesia”), Ricardo Cabús e Vera Rocha. Participações: Ney Matogrosso (voz na faixa “Memória da Flor”), Irina Costa (voz na faixa “Tal Sol, Tal Homem, Tal Maria”) e Fernando Melo (Viola na faixa “Tal Sol, Tal Homem. Tal Maria”).

Como aconteceu a nova parceria com Ney Matogrosso?

Depois do show (“Beijo Bandido”) no Rio de janeiro, perguntei ao Ney se existia alguma possibilidade dele participar no meu novo disco. Ele falou que, caso eu tivesse uma música que ele gostasse muito, participaria. Três ou quatro meses depois enviei para ele a música “Memória da Flor”. Ele ouviu e me ligou dizendo que tinha achado a música linda. Daí foi só acertar o estúdio e gravação no Rio de Janeiro.

E a sonoridade de “Memória da Flor”?

A proposta do disco foi buscar a sonoridade apresentada no show (“Mar do Mundo”), A ideia é trabalhar o conceito do espaço como o ambiente das novas navegações. As novas tecnologias (programações eletrônicas) alinhadas com instrumentos clássicos (bandolim, por exemplo) do cancioneiro popular. Talvez não se trate de um novo estilo e sim de uma nova forma de leitura de um estilo.

Como o álbum se situa em relação a “Limiar do Tempo”?

Como uma evolução natural. Foi preciso fazer o “Limiar” para que pudéssemos chegar na sonoridade do novo trabalho.

Qual a marca dessa nova empreitada musical?

Os músicos (meus parceiros de viagem); Dinho Zampier (teclado e programações), Toni Augusto (Guitarras), Fabinho Oliveira (baixo), Bruno Palagani (cavaquinho e bandolim), Carlos Bala (Bateria) e Fernando Nunes (produção, baixo e programação).


Foto de Edna Motta 
Texto de Roberto Amorim.